quinta-feira, 15 de março de 2012

A EXPERIÊNCIA ENSINA


Hans Bachl 

 O caso ocorreu naquela época quando a nossa loja se compunha de apenas quinze obreiros e o nosso venerável mestre nos lembrava de procurar novos candidatos, pois uma loja precisa de sangue novo, de época, a fim de se renovar em vez de envelhecer e perecer. Diversos irmãos apresentaram nomes. Entrementes me lembrei de um jovem industrial, que já por diversas vezes me fizera várias perguntas sobre a Maçonaria, sabendo que eu era maçom. Apresentei o nome. E ficaram contentes. Pois se tratava de fato de uma pessoa idônea de mais ou menos quarenta anos, casado já uns dez anos, com dois filhos. Ele protestante e a mulher católica. A religião dos filhos era ignorada. Ganhava o suficiente para não privar a família, caso entrasse na loja. Destarte, quando encontrei Oscar de Tal uns dias depois, ele, novamente puxando a conversa, me confiou que seu avô era um falecido irmão de uma loja coirmã. Achei que era um bom sinal que o neto estava disposto pertencer à mesma sociedade humanitária. Indiquei-lhe o nome a quem se dirigir. Mas ele queria pertencer à nossa loja, pois da outra não conhecia ninguém. Concordei, mas perguntei ainda se não se tratava de curiosidade apenas. - Curiosidade, qual nada -, me respondeu. - Somente o diabo é que a minha esposa é contra a Maçonaria. É carola para chuchu, mas ela não vai saber que entrei na Maçonaria. E de vocês não preciso ter medo, pois como me consta ninguém deve falar. Assim ninguém de fora saberá do meu ingresso. Neste caso, respondi, é melhor o senhor desistir de uma vez para sempre de seu plano. Não pensa mais nisto, o senhor pode ser um homem honesto, prestativo e bom, sem ser membro de uma loja. Mas na nossa loja não pode ingressar. - Por quê? - Porque a paz e a harmonia dentro de uma família é-nos sagrada. Se a sua esposa achar que não deve pertencer a uma loja maçônica então melhor resignar. Passaram algumas semanas, quando encontrei novamente o nosso ex-candidato e logo ele começou: - Meu deus. Não esperava tanta oposição em casa. Minha mulher contou para sogra e as duas vieram com ameaças. Se eu me tornasse maçom, então ela prometeu me abandonar. - Mas eu não lhe disse de resignar em vista da oposição de sua esposa? - É verdade, mas tentei e vi que não adianta. Tenho que me calar e enterrar meu sonho. Passou um ano. Oscar, entrementes, tornara-se sócio do Rotary, útil e sempre a postos, como soube, para qualquer incumbência de servir. Como se contara, a esposa também não gostara muito da ideia do esposo de entrar nesse clube de serviço. Mas enfim, como outros industriais faziam parte desse clube que a igreja naquele tempo ainda combatia, deu o seu beneplácito e licença para o marido ausentar-se todas as quintas-feiras para tomar parte das reuniões rotarianas. Mas agora estava decidido a deixar o Rotary, pois, como dizia "estava farto de ouvir discursos estéreis e tomar parte de jantares obrigatórios" e entrar na loja se for aceito. - E a sua esposa? Será que já mudou de ideia? - É assim. Ela já se acostumou com o Rotary e não fará mais oposição. Ademais, eu tenho mais inclinação para a Maçonaria e já comprei em São Paulo, na minha última viagem, um livro que lhe dá uma ideia o que é a Maçonaria é exatamente aquilo que é o meu pensamento. Disse-me o título do livro que foi escrito para profanos e que conheci. - Pois, então, sua palavra me basta. Ficarei eu o responsável, o seu padrinho. Mas não depende só de mim. A loja resolverá se poderá ingressar. Encaminhei os papéis. O candidato após o tempo legal foi aprovado no escrutínio. Chegou o dia de iniciação. O neófito passou pelas provas ritualísticas com coragem e recebeu como prêmio avental branco e luvas alvas mais um par, para ser entregue à sua consorte, como deferência da loja a excelentíssima esposa do novo irmão que doravante é considerada irmã. Na próxima sessão o novo irmão aprendiz não compareceu, na segunda reunião brilhou por ausência. Qual teria sido o motivo? O venerável me incumbiu de falar com o irmão neófito e indagar sobre o motivo de suas faltas. Qual a minha surpresa quando ele me confessara seu fracasso em casa. - Então você estava mentindo quando me afirmou não ter mais dificuldades e sua esposa estaria conformada. - É verdade, desculpe-me, mas era tão grande meu desejo de pertencer à Maçonaria que arrisquei tudo. Mas ela descobriu logo em minha escrivaninha o ritual, avental e luvas, que tinha escondido em uma pasta. Nem teve coragem de entregar o par de luvas brancas destinada à sua consorte. E ela novamente ameaçou de me deixar dizendo: - Ou você devolve tudo ou eu me vou com as crianças. Pode escolher; nunca permitiria que você pertencesse a essa sociedade "diabólica". - Que é que vou fazer agora? - Em primeiro lugar, você com sua mentira colocou-me em maus lençóis perante minha loja. Em segundo lugar, você como mentiroso é mesmo indigno de pertencer a nós. Você foi apenas um curioso que queria conhecer os segredos da Maçonaria. Mas sei que você não entendeu patavina, devolva tudo. Fica tranquilo que nada te acontece. Mas a tua própria consciência vai te julgar. Deixei-o pensativo e envergonhado no seu escritório particular onde mantivemos essa nossa conversa. E eu pensei com meus botões que parte da culpa cabe a mim mesmo, porque acreditei piamente na "conversa" dele. E outra parcela cabia também aos sindicantes que apresentaram as melhores referências, tendo copiado um do outro, sem na realidade colher informações seguras, não somente sobre a parte financeira, como também sobre as condições familiares e morais do candidato. Nunca mais se repetiu em nossa loja um caso idêntico. A experiência ensina! Mais barato, porém, é tomar este exemplo como advertência para não cair no mesmo erro. 

Fonte: 
 Fundado em 31 de maio de 2006 - ANO VI
Rio de Janeiro – RJ – Brasil

segunda-feira, 12 de março de 2012

OS RITOS ESCOCESES NA FRANÇA

 
Em 1836, a Grande Loja da Escócia, face ao uso abusivo do título "Escocês", achou por bem declarar que somente a ela pertencia tal titularidade. Não praticava graus além dos três básicos. Os demais ritos com o nome de escocês não tiveram origem na Escócia. O REAA surgiu em 1786 com o acréscimo de graus ao Rito de Heredom, ou da Perfeição, criado em 1758, na França. O Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente, em 1761, outorgou carta-patente a Etienne Morin, que viajaria à América Central e aos Estados Unidos da América do Norte, dando-lhe poderes para levar às Lojas do novo mundo os segredos superiores contidos nos 25 graus de Heredom. Como "Grande Inspetor", Morin organizou a primeira Loja, na Ilha de Santo Domingo, na América Central, no mesmo ano de 1761. Ocasião em que nomeou inspetores para as índias Ocidentais e para a América do Norte. Sob a orientação do Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, no ano de 1762, foram publicados os regulamentos (secretos) da Maçonaria da Perfeição, ou de Heredom. Ainda nesse mesmo ano foi retificada a série de graus do citado rito, em Berlim (Alemanha). Em 1783 o Rito de Heredom, ou de Perfeição, foi instalado em Charleston, na Carolina do Sul (América do Norte), onde serviu como guia de instrução até o ano de 1801, quando, no dia 31 de maio, o Supremo Conselho do Grau 33º para os Estados Unidos foi inaugurado, por John Mitchell e Frederick Dalcho, este o Soberano Grande Inspetor-Geral. Em 1812 apareceu em Boston o "Soberano Grande Consistório dos Estados Unidos da América do Norte", que teve por fundador Joseph Cerneau. Todavia, este não possuía autorização do Conselho dos Imperadores, o que motivou o não reconhecimento pela corrente ligada ao Supremo Conselho de Charleston, que adotara resoluções fundamentais fixadas para o REAA em 1º de maio de 1786. Com referência aos 33 graus, foram aceitos pelo mencionado Conselho em 31 de maio de 1801. Do aqui referido conclui-se que o Rito Escocês Antigo e Aceito foi composto dos graus do Rito de Heredom, mais os oito graus adotados na América do Norte e tirados de vários outros ritos, principalmente do Rito Primitivo de Namur. RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO A hierarquia obedece aos trinta e três graus seguintes: Graus Simbólicos (Loja Simbólica) 1 A 3: 1º Grau – Aprendiz-Maçom 2º Grau – Companheiro-Maçom 3º Grau – Mestre-Maçom Graus de Perfeição ou Inefáveis (Loja de Perfeição) 4 a 14 4º Grau – Mestre Secreto 5º Grau – Mestre Perfeito 6º Grau – Secretário Íntimo 7º Grau – Preboste ou Juiz 8º Grau – Intendente dos Edifícios 9º Grau – Cavaleiro Eleito dos Nove 10º Grau – Cavaleiro Eleito dos Quinze 11º Grau – Eleito Chefe de Tribos 12º Grau – Grão-Mestre Arquiteto 13º Grau – Cavaleiro do Real Arco 14º Grau – Grande Eleito ou Perfeito e Sublime Maçom Capítulo (Loja, ou Oficina Vermelha) 15 a 18 15º Grau – Cavaleiro do Oriente 16º Grau – Príncipe de Jerusalém 17º Grau – Cavaleiro do Oriente e do Ocidente 18º Grau – Soberano Príncipe Rosa-Cruz Oficinas Filosóficas, ou Areópagos: 19 a 30 19º Grau – Grande Pontífice ou Sublime Escocês 20º Grau – Grão-Mestre das Lojas Simbólicas 21º Grau – Grande Patriarca Noaquita 22º Grau – Príncipe do Líbano 23º Grau – Chefe do Tabernáculo 24º Grau – Príncipe do Tabernáculo 25º Grau – Cavaleiro da Serpente de Bronze 26º Grau – Príncipe da Mercê 27º Grau – Grande Comendador do Templo 28º Grau – Cavaleiro do Sol 29º Grau – Grande Cavaleiro Escocês de Santo André 30º Grau – Cavaleiro Kadosch Graus Administrativos 31 a 33 (Tribunais, Consistórios, Supremo Conselho) 31º Grau – Grande Juiz Comendador 32º Grau – Sublime Príncipe do Real Segredo 33º Grau – Grande Inspetor-Geral RITO ESCOCÊS FILOSÓFICO Fundado em Paris (França) no ano de 1776, por Boilleau. Os ensinamentos estavam contidos nos seguintes 15 graus, com fundamento na antiga Loja de São Lázaro: 1 - Aprendiz, 2 - Companheiro, 3 - Mestre, 4 -Cavaleiro da Águia Negra, 5 -Cavaleiro Rosa-Cruz de Heredom, 6 -Cavaleiro do Sol, 7 -Sublime Filósofo, 8 - Cavaleiro da íris, 9 - Verdadeiro Maçom, 10 -Cavaleiro dos Argonautas, 11 -Cavaleiro do Velocino de Ouro, 12 -Grande Inspetor, 13Perfeito Iniciado, 14 - Grande Inspetor Escocês, 15 - Sublime Mestre do Anel Luminoso. RITO ESCOCÊS FILOSÓFICO DA LOJA-MÁTER DA FRANÇA Teve origem na antiga Loja de São Lázaro, em Paris (França). Com o nome, posteriormente adotado de Loja do Contrato Social, tornou-se independente do Grande Oriente da França por longo tempo. O rito era composto dos seguintes graus: 1 - Aprendiz. 2 - Companheiro, 3 - Mestre, 4 - Mestre Perfeito, 5 - Cavaleiro Filósofo, 6 - Grande Escocês, 7 - Cavaleiro do Sol, 8 - Cavaleiro do Anel Luminoso, 9 - Cavaleiro da Águia Branca e Negra, 10 - Grande Inspetor Comendador. RITO ESCOCÊS FILOSÓFICO DA LOJA-MÁTER DE MARSELHA A Loja foi fundada em 1751, por mestres escoceses reconhecidos formalmente pela Grande Loja da França. Em 1755, abusando do direito que lhes fora concedido, passaram a expedir Cartas Constitutivas, a conferir graus simbólicos, a nomear Veneráveis, tudo à revelia da Grande Loja. O rito era composto dos seguintes graus: 1 - Aprendiz, 2 -Companheiro, 3 - Mestre, 4 - Mestre Perfeito, 5 - Grande Escocês, 6 -Cavaleiro da Águia Negra, 7 -Comendador da Águia Negra, 8 - Rosa-Cruz, 9 - Verdadeiro Maçom, 10 - Cavaleiro dos Argonautas, 11 - Cavaleiro do Velocino de Ouro, 12 - Aprendiz Filósofo, 13 - Adepto da Loja-Mãe, 14 - Cavaleiro de Isis, 15 - Cavaleiro do Sol. RITOS ESCOCÊS PRIMITIVO São três os ritos escoceses que usam tal título: 1 -Escocês Primitivo, com 25 graus, fundado em Paris (França) em 1758, também, denominado Rito de Heredom, ou Perfeição. 2 -Em 1769, em Narbona, também na França apareceu um outro rito "primitivo escocês", o dos "Filadelfos" de 10 graus. 3 -Finalmente, um terceiro, o Rito Escocês Primitivo de Namur, com 33 graus. RITO DE HEREDOM, OU PERFEIÇÃO Foi inaugurado em Paris, no ano de 1758, o Capítulo de Soberanos Príncipes Maçons: o Conselho dos imperadores do Oriente e do Ocidente, sob os auspícios da Grande e Soberana Loja Escocesa de São João de Jerusalém. O rito constitui-se de 25 graus, divididos em sete classes. 1ª Classe compreende os 3 graus: 1o - Aprendiz 2o -Companheiro 3o - O Mestre 2ª Classe compreendendo 5 graus: 4o - Mestre Secreto 5o - Mestre Perfeito 6o - Secretário íntimo 7º - Preboste e Juiz 8o -Intendente 3a Classe compreendendo 3 graus: 9o - Mestre Eleito dos Nove 10° - Ilustre Eleito dos Quinze 11° - Sublime Cavaleiro Eleito 4a Classe compreendendo 3 graus: 12° - Grão-Mestre Arquiteto 13° - Cavaleiro, da Real Arca 14° - Grande Eleito 5a Classe compreendendo 5 graus: 15° - Cavaleiro do Oriente 16° - Príncipe de Jerusalém 17° - Cavaleiro do Oriente e Ocidente 18° - Soberano Príncipe Rosa-Cruz 19° -Grão-Pontífice, Mestre ad vitam 6a Classe compreendendo 3 graus: 20° - Grão-Patriarca Noachita 21° - Grão-Mestre da Chave da Maçonaria 22° - Príncipe do Líbano ou Cavaleiro do Real Machado 7a Classe compreendendo 3 graus: 23° - De Soberano Príncipe Adepto 24° - De Grão-Comendador da Águia Negra 25° - De Soberano Príncipe do Real Segredo RITO DOS FILADELFOS DE NARBONA Fundado em 1769, na cidade francesa de Narbona. De existência pouco duradoura, tinha por finalidade uma Maçonaria despida de modernismo, liberta das ideias distantes do primitivismo em que nascera. Sua ritualística constituía-se de dez graus, divididos em três classes, porém não convenientemente explicados ou mesmo documentados.

Fundado em 31 de maio de 2006 - ANO VI 
Rio de Janeiro – RJ – Brasil

sexta-feira, 9 de março de 2012

O QUE É A MAÇONARIA?

 

 A Maçonaria é uma Ordem iniciática e ritualistica, universal e fraterna, filosófica e pregressista, baseada no livre-pensamento e na tolerância, que tem por objectivo o desenvolvimento espiritual do homem com vista á edificação de uma sociedade mais livre, justa e igualitária. A Maçonaria não aceita dogmas, combate todas as formas de opressão, luta contra o terror, a miséria, o sectarismo e a ignorância, combate a corrupção, enaltece o mérito, procura a união de todos os homens pela prática de uma Moral Universal e pelo respeito da personalidade de cada um. Considera o trabalho como um direito e um dever,valorizando igualmente o trabalho intelectual e o trabalho manual. A Maçonaria é uma Ordem de duplo sentido: de instituição perpétua e de associação de pessoas ligadas por determinados valores, que perseguem determinados fins e que estão vinculadas a certas regras. É Iniciática, porque só pode nela ingressar quem se submeta á cerimónia de iniciação, verdadeiro “baptismo” maçónico, que significa literalmente o começo, e simboliza a passagem das trevas á “Luz”. É ritualista, porque as suas reuniões obedecem a determinados ritos, que traduzem simbólicamente, sinteses e sabedoria, remontando aos tempos mais recuados. É universal e fraterna, porque o seu fim ultimo é a fraternidade universal, ou seja, o estabelecimento de uma única familia na face da Terra, em que os Homens sejam, no seio da Ordem, verdadeiramente irmãos, sem qualquer distinção de raça, sexo, religião, ideologia e condição social. Como escreveu Fernando Pessoa, “a Nação é a escola presente para a Super-Nação futura”. Amar a Pátria e a Humanidade é outro dos deveres dos Maçons. É filosófica. porque, ultrapassada a fase operativa (coorporações de arquitectos/construtores medievais), transformou-se numa associação de caracter especulativo, procurando responder às mais profundas interrogações do Homem. Conserva contudo, o vocabulário, os utensilios e a simbologia dos pedreiros construtores dos antigos templos. Afinal, o fim último da Maçonaria é a construção de um Homem novo e de uma Sociedade nova. Por isso, todos os seus ritos assentam na ideia de construção e são baseados na geometria, a mais nobre das artes, porque só ela permite compreender a medida de todas as coisas. Assim se justifica que a régua, o esquadro e o compasso continuem a ser instrumentos previligiados do pensamento maçónico. É pregressista, porque visa o progresso da Humanidade, no pressuposto de que é possível um homem melhor numa sociedade melhor. Encurtar as desigualdades e reduzir as injustiças sociais é um dos seus objectivos, através da elevação moral e espiritual de cada individuo. Porém a Maçonaria não é uma instituição política e, muito menos, partidária. Está acima de todos os partidos, coexistindo nela pessoas das mais diversas sensibilidades, crenças e ideologias... A Maçonaria é assim um espaço de diálogo e de tolerância. A sua influência na Sociedade não se exerce directamente,... mas apenas indirectamente, através do exemplo, da pedagogia e da influência individual dos seus membros nos locais ondem exercem a sua actividade: no emprego, nos partidos, nas organizações cívicas e sociais... É livre pensadora, porque não aceita dogmas, pratica a tolerância e respeita a liberdade absoluta de consciência. O Maçon tem o direito de examinar e de criticar todas as opiniões e de discutir todos os problemas, sem quaisquer peias ou limitações. A Maçonaria é anti-dogmática, tanto no aspecto politico como religioso ou filosófico. A política e a religião pertencem ao foro intimo de cada um e não podem ser discutidas, salvo nos termos genéricos acima referios, para não abalar a união do povo maçónico, pois, como se disse, a instituição congrega pessoas de todas as crenças ou sem crença nenhuma, de todas as ideologias não totalitárias. Assim é rotundamente falsa a acusação que vem dos tempos do “Santo Oficio” e que foi retomada pela ditadura deposta em 25 de Abril de 1974 devque os Maçons, ou pedreiro livre, é contra a religião. Muitos e ilustres membros da Ordem foram e são crentes e , até, bispos e cardeais. A Maçonaria aceita, aliás, a existência de um princípio superior, simbolozado pelo “Grande Arquitecto do Universo” (G.A.D.U.), que não tem definição e que cada um interpreta segundo a sua sensibilidade ou convicção. Para uns será o Deus em que acredita, para outros o Sol, fonte de vida, a própria natureza, a lei moral ou ainda a resultante de todas as forças que actuam no Universo. Esta ideia implica o respeito por todas as religiões, pois todas são igualmente verdadeiras, sem prejuizo do necessário combate ao fanatismo e à superstição. Nos tempos remotos e medievais, o Maçon era obrigado a perfilhar a religião do seu País. Mas depois do Iluminismo, e das formas modernas, considerou-se mais adequado, apenas lhe impôr a religião sobre a qual todos estão de acordo, e que consiste em amar o próximo, fazer o bem e ser homem bom, de honra e probidade. Deste modo a Maçonaria é uma casa de união entre ateus, agnósticos e pessoas dos mais diversos credos. Deve porém dizer-se que a Maçonaria Regular, Tradicional ou de Via Sagrada, por oposição ao ramo Liberal ou Laico, impõe, a crença em Deus e na imortalidade da alma, excluindo também as mulheres. No entender de alguns Maçons este facto viola os principios maçónicos e contitucionais de igualdade (art.13º da Constituição da Republica Portuguesa). Ao manter uma velha tradição de 300 anos, que teima em não adequar aos valores ético-humanistas do nosso tempo, o ramo tradicional ou anglo-saxónico exclui da dignidade maçõnica três quartos da Humanidade.

 GRUPO MAÇÔNICO ORVALHO DO HERMON
Fundado em 31 de maio de 2006 - ANO VI
Rio de Janeiro – RJ – Brasil


quinta-feira, 8 de março de 2012

IDEÁRIO PARA UM DIRIGENTE MAÇÔNICO

 (anônimo) 



Que tenha vontade, consciência e serenidade para o cargo; que possua bom conhecimento e disponibilidade de tempo; que seja independente econômica e financeiramente; que usufrua representatividade profissional, social e política. Que assuma encargos sem preconceitos estabelecidos; que saiba ouvir bastante e fale apenas o necessário; que esteja atento à política e à economia da região e do país; que realce a prática de valores espirituais, morais e cívicos. Que estimule a boa formação do maçom a partir do ingresso; que implante um bom programa de instrução maçônica; que promova mais o ritual litúrgico com cenários adequados; que constitua um corpo de ensino com mestres qualificados. Que incentive o desenvolvimento da cultura maçônica; que destaque feitos significativos e importantes dos irmãos; que organize palestras, conferências e seminários maçônicos; que a aplicação dos recursos vise a utilização dos templos; que regionalize eventos administrativos, litúrgicos e culturais. Que planos a longo prazo atendam só o interesse da instituição; que intensifique as tarefas de campo de todos os hospitaleiros; que compreenda as diferenças e as dificuldades dos irmãos; que instale sistema de apoio institucional independente. Que reformule e flexibilize qualquer legislação leonina vigente; que acate fiscalização independente eleita pela assembléia geral; que permita a transparência em todas as contas da instituição; que procure maior interação nos segmentos da comunidade. Que o exercício da ética supere a necessidade de outros códigos; que o espírito do sentimento maçônico paire acima do material; que agregue os irmãos em harmonia, evitando grupos ideológicos; que nunca pense em exercer o continuísmo administrativo. Que sonhe e atue apenas com a realidade, jamais com a realeza; que não alimente o culto à própria personalidade e vaidade; que em tempo algum confunda palácio com mausoléu maçônico. Que seja, enfim, o exemplo de um bom, profícuo e honesto maçom.  

Fundado em 31 de maio de 2006 - ANO VI
Rio de Janeiro – RJ – Brasil