quinta-feira, 7 de outubro de 2010

LEBERDADE ATRAVÉS DO PENSAMENTO




Charles Evaldo Boller

Área de Estudo: Filosofia, Liberdade, Maçonaria, Sociologia.


A maior dádiva que se obtém na Maçonaria é o desenvolvimento da capacidade de pensar para além dos limites que alguém impôs a si mesmo, por condicionamento, no cativeiro debaixo do sistema econômico mundial. Ser capaz de pensar por si é o maior estágio de liberdade alcançável de forma consciente. A capacidade de criar idéias novas, libertadoras, é desenvolvida em diálogos, debates e meditação. Na interação com o pensamento de outras pessoas absorvem-se novas idéias, e estas somadas com aquelas já existentes na memória, pela ação da meditação ou intuição transformam-se em pensamentos inéditos, totalmente diferentes dos pensamentos que lhe deram origem. Assim ocorre desde que o homem passou a usar do pensamento para interagir com o ambiente. Foi o que o diferenciou das outras unidades viventes deste imenso organismo vivo que é a biosfera terrestre.

Tenho dúvidas se a Maçonaria pode desenvolver em seu seguidores a capacidade de pensar, além dos limites que alguém possa dar a si mesmo, isso é uma atitude que o homem traz consigo desde pequeno, a criatividade não poderá ser adquirida de fora para dentro e sim o contrario, o que ocorre é que aquele que procurar a verdade, através dos estudos sistemático se libertará da ignorância e isso em qualquer lugar deste mundo o homem poderá encontrar.

É no pensamento que se materializa a liberdade absoluta, local que a nenhum déspota jamais foi dado saber o que o outro pensa. Todo desenvolvimento humano surgiu primeiro na mente. Pensamento é energia. Pensamento revela riquezas que estão disponíveis ao redor. É só aprender a colher. É a razão do maçom diligente e perseverante melhorar suas condições sociais e financeiras. Liberdade começa no pensamento; o resto é mera consequência. Confúcio disse: Estudo sem pensamento é trabalho perdido; pensamento sem estudo é perigoso.

Realmente não temos uma liberdade absoluta fora do pensamento, dependemos do outro para viver e progredir, seja no âmbito social ou econômico, porém não devemos esquecer que esta evolução não é apenas mensurável do ponto de vista econômico, devemos sim evoluir em todos os aspectos e isso envolve o outro, sem o qual a nossa vida não tem sentido. Eu discordo de Confúcio, é impossível estudar sem pensar e pensando estamos estudando. Estudando estamos absorvendo informações diversas e estas se processam e têm como produto o conhecimento, o que pode acontecer é não usarmos o que conhecemos para o progresso de todos, aí é inutilidade.

Todo aquele que se submete ao pensamento de outros, por preguiça de pensar, é escravo; um homem domina o outro através da força do pensamento, da capacidade de realização do pensamento. Ninguém escraviza a quem se tornou livre pensador, pois é pela aufklärung, uma conceituação de Kant que significa iluminação, que ele se conscientiza que sem liberdade deixam de existir fraternidade e igualdade. Um ser iluminado goza de liberdade do pensamento e não carece da tutela de ninguém, é a liberdade absoluta, não carece mais ser guiado por outro, tem coragem de usar do próprio discernimento de seu intelecto para desbravar seus próprios caminhos.

Infelizmente temos poucas pessoas que pensam e dentre elas estão os aproveitadores da sociedade submissa por forças tais, que se tornam escravas devido à falta nos dias de hoje de simplesmente educação geral, não há interesse em libertar a massa através dos estudos, temem que com isso, essa sociedade seja crítica e exigente em relação aos governantes.

Na era paleolítica o homem era uma espécie de gari da natureza, sobrevivendo graças ao que encontravam por acaso. Progrediu até que, pela caça em grupo, obteve sucesso em capturar animais de maior porte e a utilizar-se da colheita selecionada de frutas. No neolítico passou a desenvolver a agricultura, pastoreio de animais e usar o ferro. Durante cerca de duzentos anos passou a desenvolver-se cientificamente e a utilizar-se de máquinas automáticas. Nos últimos anos passou a usar intensamente do saber e da informação. Existe um abismo entre a primeira e a última fase do desenvolvimento da criatividade humana, tudo resultado da capacidade de pensar com lógica. A velocidade com que se sucederam as diversas etapas manifestou-se em progressão geométrica.

O homem hoje é igual o homem de 12 mil anos atrás. Veja, se pudéssemos ter uma criança deste tempo hoje, ela seria tanto quanto uma pessoa igual ao que temos por aqui. O que ocorreu de diferente e auxiliou na evolução aparente do homem é a linguagem, escrita e os livros ou qualquer meios de guardar informações. Isso fez a grande diferença, pois, hoje podemos partir do conhecimento que se têm hoje, através dos registros e desenvolver a partir dele. Não há mais necessidade de começar do zero. Isso criou uma situação interessante, no começo do século 18 o conhecimento do homem dobrava de vinte em vinte anos aproximadamente, no século 19 era de dez anos e aos poucos foi sendo diminuído ao ponto de hoje ser de oito meses, ficando impossível qualquer um conhecer o que está sendo desenvolvido e ter controle de um processo total, favorecendo o trabalho em equipe e criando generalistas ao invés de especialistas, os que se dizem especialistas têm uma visão holística do processo, senão estará fadado ao fracasso.

E como tudo na natureza é uma questão de domínio do mais apto, a maioria das pessoas sempre é dominada pelos melhor preparados; por aqueles que treinaram e são livres para pensar às suas próprias custas, estes foram e são os mais ricos e quiçá mais felizes. Também são os que mais espoliaram os menos aptos, os pobres e incapacitados de pensar às suas próprias expensas. Benevolência, magnanimidade, é dada a poucos; sempre houve a exploração do homem pelo próprio homem.

Eu diria que na natureza sobrevive o mais adaptado às condições que se apresentam, e não é questão de domínio sobre os outros menos capazes, o mais adaptado pode ser o mais coerente e mais humanos do que os mercantilistas ou materialista, que realmente não estão adaptados para viverem neste planeta.

E não são os mais felizes, isso é um engodo pregado pela mídia, o homem mais feliz é o que tem menos necessidades, para serem atendidas, pode ser um matuto da roça ou um empresário milionário. Benevolência é uma qualidade conquistada através da educação moral e filosófica e é desenvolvida desde pequeno com os pais, não é dada a poucos.

Pela sua incapacidade de pensar e controlar seus instintos, o pobre sempre foi incentivado em produzir a maior prole para alimentar o mercado de escravos de todos os sistemas econômicos, em todos os tempos.

Isso é preconceito em relação aos pobres, antes, era isso que acontecia parece que é pensamento de Rousseau, hoje com as condições de controle familiar não temos estes problemas, o que há é melhores condições de provocar abortos nos meios sociais que têm dinheiro para pagar, na realidade continuamos a ter crianças, embora com menos quantidade do que antes.

A natalidade de nossa espécie ultrapassa hoje os duzentos e cinqüenta por cento da mortalidade.

Graças ao desenvolvimento da ciência médica isso é possível, e não podemos esquecer que a média de vida em nosso país passou de 33.6 anos para 72.7 anos no último século.

O sistema econômico mundial, este que mantém as engrenagens da sociedade em funcionamento, conduz de forma alucinante ao esgotamento de todos os mananciais de sustentação da vida. A sociedade está no limiar do estado crítico, talvez até já tenha ultrapassado o ponto sem volta, o limite de sustentação da vida humana na biosfera da Terra. Mahatma Gandhi disse que a terra produz o suficiente para satisfazer as necessidades de todos; não à cobiça de todos.

Em relação aos recursos naturais, eles serão todos usados, o que vai acontecer é que serão substituídos por produtos sintéticos e tudo isso estará atrelado ao custo e benefício, seja de um povo ou da humanidade, como foi dito acima, só os mais adaptados sobreviverão e nem sempre será o mais rico...

Grandes convulsões buscam o equilíbrio e são consequência direta da falta de amor fraterno entre as pessoas e para consigo mesmo.

Quando o homem deixar, por força das descobertas da ciência, que o materialismo e o imediatismo não têm lógica e que há vida após a vida ele será modificado em todos os sentido, e terá atitudes diferentes, pois saberá que o que ele está plantando hoje será colhido amanhã. “A PLANTAÇÃO É LIVRE, MAS A COLHETA É OBRIGATÓRIA.”

Novas necessidades aflorarão durante as contorções da busca do equilíbrio e estima-se que então as carências estimularão a criatividade humana para novo salto evolutivo, para novo pulo de criatividade. Mas até lá, muitos inocentes serão trucidados pelo implacável, insensível e truculento sistema de exploração humana. E se a exploração do homem pelo próprio homem não der conta de equilibrar demanda com produção de alimentos, se os mananciais alimentícios estiverem exauridos ao ponto de não existir restauração, a própria natureza aniquilará quem sobrar.

Não há o que temer tudo que acontece é para o nosso desenvolvimento e não há vítimas e inocentes, apenas aprendizes para evolução. A natureza não aniquilará o que sobrar, sempre haverá alguém que dará continuidade e não devemos esquecer que estas possíveis aniquilações já ocorreram no passado e estamos aqui agora para mais uma empreitada.

A maçonaria chamou para si a responsabilidade de treinar soldados oriundos dos mais diversos graus intelectuais e culturais para a tarefa de pensar soluções para o mundo em convulsões em busca do equilíbrio tanto do sistema financeiro mundial como da ecologia, ambos mortais quando desequilibrados ou ameaçados.

A Maçonaria congrega homens que têm condições de forjar o ideal social e filosófico, porém, é necessário que treine primeiramente em suas bases, ou seja, na própria sociedade Maçônica, sabemos que isto não ocorre devido à falta de coerência nas atitudes ou a falta de braços fortes para por em prática o que prega. Infelizmente são só discursos que não saem do papel...

Cabe ao maçom, entre outros, a tarefa de pensar uma saída menos violenta das convulsões que levarão novamente ao equilíbrio, para isto ele estuda junto com seus irmãos, em locais especialmente preparados que o tornam homem equilibrado, sábio e líder social, onde desenvolvem o amor fraterno para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo. Tomara que não seja uma utopia...


Grupo Maçônico Orvalho do Hermon